A sociedade portuguesa tem tido um desempenho comparativamente negativo no contexto europeu. Embora muitos indicadores do nosso país cresçam, a realidade é que esses mesmos têm crescido mais rapidamente no conjunto da União Europeia. O Painel da Inovação 2001 da Comissão Europeia (staff working paper SEC(2001) 1414), mostra que de entre 16 indicadores, Portugal estava aquém da média europeia em 14 deles; e, no conjunto, destacava-se não só por ter o mais baixo indicador global de inovação como também por exibir a mais baixa taxa de crescimento respectiva; não obstante algum crescimento absoluto desses indicadores. Por outro lado, aí se observa também que a maioria dos indicadores de inovação está a divergir no conjunto da União. Este desempenho não é um destino inelutável. Dependerá da correcta identificação dos obstáculos e dos erros cometidos a possibilidade de o ultrapassarmos.
A influência negativa de interesses particulares relativamente ao interesse comum; o insuficiente esforço da sociedade e em particular do Estado em Educação e Formação e
No quadro da sociedade do conhecimento, o domínio das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) são instrumentos extremamente relevantes para a qualificação dos recursos humanos, nomeadamente no Ensino; para a prestação de serviços a toda a população, designadamente serviços a cargo da Administração Pública; para o funcionamento do sistema produtivo, organização do trabalho e modernização dos equipamentos.
A sociedade actual, oferece grandes oportunidades de progresso mas cria inversas ameaças. A progressiva fusão das empresas produtoras e fornecedoras de informação em grandes grupos mundiais (AOL Time-Warner (EUA), Vivendi-Universal (França) e poucas mais), tirando partido da convergência dos "media" tradicionais, por um lado, e, por outro, a grande massa de população excluída do acesso a alguns ou muitos dos meios de comunicação e com baixo grau de literacia, são ameaças quer de violento domínio cultural e ideológico quer de extrema exclusão cultural e social. Esse perigo está no seio da própria União Europeia e afecta negativamente o nosso país.
Por isso, o nosso país necessita de analisar e reflectir as realidades e os meios ao seu alcance, a fim de poder decidir conscientemente e actuar sobre o curso dos acontecimentos, segundo estratégias que neste contexto suportem o seu desenvolvimento. No que respeita às TIC, no plano técnico, é necessário proceder à generalização do armazenamento, transporte e processamento digital da informação existente e a criar, por forma a facilitar o seu acesso universal. O que significa o transporte sobre diversas vias (cabo, microondas, terrestre, satélite, ...) da informação requerida a todos os locais e a toda a população; a combinação multimédia dos sinais que contêm essa informação sob diversas formas (voz, texto, gráficos, imagens fixas, vídeo, música, dados, ... ) e, bem assim, o acesso aos novos meios através dos meios já existentes (telefone fixo e móvel, designadamente a 3.ª geração - UMTS - audiovisual, rádio, livros, jornais, magazines). Porém, os direitos e garantias dos cidadãos e os objectivos sociais e culturais, devem sempre prevalecer sobre quaisquer outros interesses e objectivos que as inovações tecnológicas proporcionem.
O indicador global de inovação aparece negativamente correlacionado com alguns indicadores sociais, designadamente a pobreza. Para criar riqueza não basta acumular capital, exige-se que este seja bem aplicado: em empresas inovadoras e em remunerações justas.